Isabelle Trindade
1 min readApr 4, 2023

a-lu-guel

A casa peito esteve por milênios empoeirada, com a luz apagada e umas janelas quebradas. Não quis cuidar, tampouco fiz questão de limpar a bagunça que estava aqui. Por falta de sol, me fechei cada vez mais nesse breu.

E nesse escuro gritante você apareceu.

Não pensei que a fornalha coração voltaria a aquecer desse jeito.

Mais do que apenas palavras vazias e desejos ardentes, senti que você queria mais do que um aluguel.

Eu quis ignorar, fingir que não vi, mas o seu toque desarmou todos os cadeados que eu havia colocado ao redor da porta. Teu sorriso roubou as chaves que guardavam meu coração.

Não tive tempo de tirar todas as inseguranças do armário. Você ateou fogo, ateou fogo em tudo como um molotov de felicidade em meio ao caos.

Você gostou do meu caos. Destruiu minha tristeza com um sorriso.

E tão profunda como eu sei ser, te deixei mergulhar no meu lado mais desconhecido, torcendo para que você se assustasse.

Mas você não sentiu medo. Não fugiu.

E continua aqui.

A casa peito não está para aluguel.

Está para mi-guel.